17 junho 2011

Poesia de GUSTAVO ADOLFO BÉCQUER (em português)

  GUSTAVO ADOLFO BÉCQUER 
(1836-1870)

                            RIMAS 
                             Traduções de Márcia Sirotheau

I

Eu sei um hino gigante e estranho
que anuncia na noite da alma uma aurora,
e estas páginas são desse hino
cadências que o ar dilata nas sombras.

Eu quisera escrevê-lo, do homem
domando o rebelde, mesquinho idioma,
com palavras que fossem a um tempo
suspiros e risos, cores e notas.

Mas vão é lutar; que não há cifra
capaz de encerrá-lo, e apenas, oh formosa!,
se, tomando em minhas mãos as tuas,
pudesse, ao ouvido, cantar-te-o a sós.


IV

Não digais que esgotado seu tesouro,
de assuntos falta, emudeceu a lira;
poderá não haver poetas; mas sempre
haverá poesia.

Enquanto as ondas da luz ao beijo
palpitem acesas,
enquanto o sol as desgarradas nuvens
de fogo e ouro vista,
enquanto o ar em seu regaço leve
perfumes e harmonias,
enquanto haja no mundo primavera,
haverá poesia!

Enquanto a ciência a descobrir não alcance
as fontes da vida,
e no mar ou no céu haja um abismo
que ao cálculo resista,
enquanto a humanidade sempre avançando
não saiba para onde caminha,
enquanto haja um mistério para o homem,
haverá poesia!

Enquanto se sinta que se ri a alma,
sem que os lábios se riam,
enquanto se chore, sem que o pranto acuda
a nublar a pupila;
enquanto o coração e a cabeça
baralhando prossigam,
enquanto haja esperanças e memórias,
haverá poesia!

Enquanto haja olhos que reflitam
outros olhos que os mirem,
enquanto responda o lábio suspirando
ao lábio que suspira,
enquanto sentir-se possam em um beijo
duas almas confundidas,
enquanto exista uma mulher formosa,
haverá poesia!


x

Os invisíveis átomos do ar
ao redor palpitam e se inflamam,
o céu desfaz-se em raios de ouro,
a terra se estremece alvoroçada,
ouço flutuando em ondas de harmonias
rumor de beijos e bater de asas,
minhas pálpebras se fecham ... Que sucede?
É o amor que passa!


Extraídos de GÁRGULA, Revista de Literatura. N. 1, Brasília, 1997 
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Resultados de tradução

2 comentários:

  1. Valter

    Belos versos. Boa selecção de encadeamento do Poema.

    SOL da Esteva
    http://acordarsonhando.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  2. "Eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências".

    [Caio Fernando Abreu]

    Carinhos...M@ria

    OBS: LEVE...O SELINHO É SEU!

    ResponderExcluir

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