Nesta semana, temos a honra de apresentar uma
legítima representante da poesia nordestina, grande cordelista que também com muita força e estilo inconfundível transita pelo gênero romântico e sensual.
Aprecie...Dalinha Catunda.
SER/TÃO MULHER
.
Tempo de fauna no cio,
De flora e em floração.
Menina flor do agreste
Em tempos de reinação.
Rolando no solo sagrado,
A luz de um sol encarnado,
Lasciva, demarca seu chão.
.
Era tempo de floradas,
Sol a pino, céu azul,
O cheiro impregnado,
Era da flor do caju
Seu rosto estava corado
Tal fruto do mandacaru.
.
Debaixo de um cajueiro
Fugindo do sol do sertão,
Num leito de folhas secas,
Sua seiva regou o chão
Era o "debout" nordestino,
De uma flor em botão.
.
Seu corpo e a natureza,
Tinham o mesmo linguajar.
Era uma rês mandingueira,
Pronta p´ra se domar.
Cavaleiro joga o laço,
Laçada não pôde escapar.
.
E foi à sombra da árvore
Sentindo o cheiro da flor,
Que sentiu-se atravessada
Pela espada do amor.
O troféu do cavaleiro
Foi o sangue que jorrou.
.
Alcoviteiro da paixão,
O frondoso cajueiro,
De frutos amarelados
Passaram a nascer vermelhos.
O sangue da virgem nativa
Foi o rubro feiticeiro.
Dalinha Catunda

legítima representante da poesia nordestina, grande cordelista que também com muita força e estilo inconfundível transita pelo gênero romântico e sensual.
Aprecie...Dalinha Catunda.

.
Tempo de fauna no cio,
De flora e em floração.
Menina flor do agreste
Em tempos de reinação.
Rolando no solo sagrado,
A luz de um sol encarnado,
Lasciva, demarca seu chão.
.
Era tempo de floradas,
Sol a pino, céu azul,
O cheiro impregnado,
Era da flor do caju
Seu rosto estava corado
Tal fruto do mandacaru.
.
Debaixo de um cajueiro
Fugindo do sol do sertão,
Num leito de folhas secas,
Sua seiva regou o chão
Era o "debout" nordestino,
De uma flor em botão.
.
Seu corpo e a natureza,
Tinham o mesmo linguajar.
Era uma rês mandingueira,
Pronta p´ra se domar.
Cavaleiro joga o laço,
Laçada não pôde escapar.
.
E foi à sombra da árvore
Sentindo o cheiro da flor,
Que sentiu-se atravessada
Pela espada do amor.
O troféu do cavaleiro
Foi o sangue que jorrou.
.
Alcoviteiro da paixão,
O frondoso cajueiro,
De frutos amarelados
Passaram a nascer vermelhos.
O sangue da virgem nativa
Foi o rubro feiticeiro.
Dalinha Catunda

Retrato do Passado
.
Namorou e ficou noiva.
Casou no padre e no civil.
Disse amém a sociedade
Que suas podres leis pariu,
E o que foi feito de sua vida
Não foi ela quem decidiu.
.
Casamento arranjado
Aos moldes tradicionais.
Um negócio ajustado
Aos interesses dos pais.
Que vedavam os ouvidos
A sua angustia e seus ais.
.
Filhos ela teve tantos
Nem pôde nos dedos contar.
Quando esvaziava o bucho,
Voltava a emprenhar.
Fez filhos e não amor,
Não aprendeu a gozar.
.
É uma boa parideira,
Dizia sempre o marido.
Pelas mãos da parteira
Eram os filhos recebidos.
Quando arriava a bexiga,
Com o médico era resolvido.
.
Empregada ela tinha,
Pois tinha “boa” situação.
Era uma cabocla prendada.
Era de forno e de fogão.
E nas quebradas da noite
Também servia ao patrão.
.
O marido era bom partido,
Criado nos dogmas da fé.
Aos domingos ia à missa,
Mas freqüentava o cabaré,
As taras eram com as putas,
E os filhos com a mulher.
.
“Até que a morte os separe”
Assim era feita a negociata.
O marido era um bom emprego,
A mulher deveria ser grata.
“O que Deus une ninguém separa”
Dai, a submissão era farta.
.
Uma fotografia na parede,
Retrata esse triste passado.
Que visando a posteridade.
Sempre fora bem focado
Entre paletós e bigodes
Vestidos bem comportados.
.
Lá se foi o velho tempo,
Do império patriarcal.
A mulher, hoje, evoluída
Não necessita de aval,
Desbrava o seu futuro
Encara o bem e o mal.
Dalinha Catunda
O CANTO DA GUERREIRA
.
Ipueiras dos cantos e recantos,
que canto em tom de saudade.
Do frouxo riso da infância.
Dos gozos da mocidade.
Da semente outrora plantada,
Fartura na maturidade.
.
Ipueiras da menina feliz,
que gostava de cirandar,
No gira-gira da vida.
Faceira a namorar,
no seu mundo de alegria,
gostava de se encantar.
.
Ipueiras das serenatas,
que corriam becos e ruas.
Dos jovens apaixonados,
cantando ao clarão da lua.
Da miragem feito mulher,
na janela seminua.
.
Cenário da inocência.
Caminhos da perdição.
Roteiro de uma vida,
transbordante de emoção,
uma guerreira, uma lenda,
teve Ipueiras em seu chão.
.
Na flor da maturidade,
carrega seu esplendor.
Menosprezando a hipocrisia,
ergue o estandarte do amor.
E beija em sinal de respeito,
a bandeira que hasteou.
.
Dalinha Catunda
BIOGRAFIA
.
Namorou e ficou noiva.
Casou no padre e no civil.
Disse amém a sociedade
Que suas podres leis pariu,
E o que foi feito de sua vida
Não foi ela quem decidiu.
.
Casamento arranjado
Aos moldes tradicionais.
Um negócio ajustado
Aos interesses dos pais.
Que vedavam os ouvidos
A sua angustia e seus ais.
.
Filhos ela teve tantos
Nem pôde nos dedos contar.
Quando esvaziava o bucho,
Voltava a emprenhar.
Fez filhos e não amor,
Não aprendeu a gozar.
.
É uma boa parideira,
Dizia sempre o marido.
Pelas mãos da parteira
Eram os filhos recebidos.
Quando arriava a bexiga,
Com o médico era resolvido.
.
Empregada ela tinha,
Pois tinha “boa” situação.
Era uma cabocla prendada.
Era de forno e de fogão.
E nas quebradas da noite
Também servia ao patrão.
.
O marido era bom partido,
Criado nos dogmas da fé.
Aos domingos ia à missa,
Mas freqüentava o cabaré,
As taras eram com as putas,
E os filhos com a mulher.
.
“Até que a morte os separe”
Assim era feita a negociata.
O marido era um bom emprego,
A mulher deveria ser grata.
“O que Deus une ninguém separa”
Dai, a submissão era farta.
.
Uma fotografia na parede,
Retrata esse triste passado.
Que visando a posteridade.
Sempre fora bem focado
Entre paletós e bigodes
Vestidos bem comportados.
.
Lá se foi o velho tempo,
Do império patriarcal.
A mulher, hoje, evoluída
Não necessita de aval,
Desbrava o seu futuro
Encara o bem e o mal.
Dalinha Catunda

.
Ipueiras dos cantos e recantos,
que canto em tom de saudade.
Do frouxo riso da infância.
Dos gozos da mocidade.
Da semente outrora plantada,
Fartura na maturidade.
.
Ipueiras da menina feliz,
que gostava de cirandar,
No gira-gira da vida.
Faceira a namorar,
no seu mundo de alegria,
gostava de se encantar.
.
Ipueiras das serenatas,
que corriam becos e ruas.
Dos jovens apaixonados,
cantando ao clarão da lua.
Da miragem feito mulher,
na janela seminua.
.
Cenário da inocência.
Caminhos da perdição.
Roteiro de uma vida,
transbordante de emoção,
uma guerreira, uma lenda,
teve Ipueiras em seu chão.
.
Na flor da maturidade,
carrega seu esplendor.
Menosprezando a hipocrisia,
ergue o estandarte do amor.
E beija em sinal de respeito,
a bandeira que hasteou.
.
Dalinha Catunda
Maria de Lourdes Aragão Catunda,
Que tem suas obras assinadas como Dalinha Catunda, Nasceu na cidade de Ipueiras-Ce. Filha de Espedito Catunda de Pinho, E Maria Neuza Aragão Catunda, Além de escrever poesias contos e crônicas, Tem uma paixão especial pela cultura popular. Paixão essa que lhe rendeu uma cadeira na ABLC, Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Hoje ocupa a cadeira 25 que tem como patrono,O poeta Juvenal Galeno. Com trabalhos publicados nos Jornais: Diário do Nordeste, E no Jornal O Povo, jornais de grande circulação no Ceará, Segue sua trajetória transformando sentimentos em prosas e versos.
veja mais trabalhos dela, conheça : CANTINHO DA DALINHA
Atenção,
ResponderExcluirOs comentários enviados de 20 a 22 serão publicados na segunda-feira.
Estarei viajando.
Parabéns Dalinha, muito sucesso!
Olá, meu querido amigo Valter,
ResponderExcluirObrigada por esta homenagem, pelo carinho e a nobreza de postar meus poemas em seu blog.
Que você continue sendo esse amigo, companheiro, que além de ótimo poeta, ainda abre as portas para divulgar outros poetas.
Para você meu carinho e minha gratidão,
Bjs
Dalinha
Dalinha, parabéns!
ResponderExcluirSuas poesias possuem rimas bem elaboradas, carregadas de fortes emoções que nos tocam.
Bjs,
Annemarie.
Dalinha,
ResponderExcluirAchei você também aqui. Parabéns pelo seu trabalho e por ter sido merecedora desta homenagem do Valter. Você merece não só o espaço, mas o carinho de todos nós que amamos o que você escreve.
Linda homenagem a essa ótima poeta Dalinha! Gosto imensamente de seus poemas.
ResponderExcluirBeijos Dalinha, parabéns!
tais luso
Obrigada pelo apoio no meu blog, ;)!
ResponderExcluirPost mto giro!
Bjx!